02. 03.

terça-feira, 23 de março de 2010

Beatriz Slemer




Assim como a cada dia adquirimos mais informações, sejam elas bombardeadas pela Rádio, Televisão, Internet, Grupos de Discussão, Faculdade, enfim pelas mais diversas fontes e formas, assim temos a mais diferenciada reação a cada uma delas e todas elas nos modificam de uma forma ou de outra, variando conforme a intensidade.E a informação ou a falta dela nos faz os Donos da Verdade ou Juízes da Maldade.

Como saber o que é verdadeiro? Como lidar com as informações? Como filtrar o que poderá ser útil? Como saber qual é a verdade e o que é útil? Como agir perante cada nova situação? E como lidar com estes e outros questionamentos no mundo corporativo?

Nos tempos mais remotos tinhamos uma regra rude, porém clara e bem objetiva “Olho por olho. Dente por dente”: caso você tenha roubado perderia a sua mão e assim por diante. Tivemos a evolução da sociedade, dos governos, das cidades e consequentemente das regras de vivência em comunidade: hoje temos um amplo Código Civil, uma Constituição, um Código do Consumidor e muito mais. Mas afinal quem estipulou o que é certo e o que errado e quais as suas punições?

O que altera positiva ou negativamente nossas vidas?

Link: http://noticias.uol.com.br/ultnot/multi/2010/03/23/040219356EE4B97326.jhtm?julgamento-dos-nardoni-altera-rotina-de-vizinhos-do-forum-040219356EE4B97326

Todos nós vimos, acompanhamos, nos sensibilizamos e por vezes, nos saturamos do caso Isabella Nardoni: mulheres sensibilizadas pelas cenas da mãe Ana Carolina, se imaginando no seu lugar; pais revoltados pensando em como é possível um pai tomar tal atitude. Todos querendo justiça, como se a prisão de um casal, culpados ou não, fosse acabar com toda a maldade contra crianças do país.
Culpados ou inocentes? Isso ninguém sabe dizer ainda (e nem sabemos se um dia poderemos dizer com certeza), mas todos nós sabemos julgar! Se essa há uma atividade corriqueira da espécia humana essa é a capacidade de julgar, que desevolvemos ainda quando somos pequenos e diferenciamos o “Uhum” e o “Hum hum” de aprovação ou não dos nossos genitores.
Pois bem, parentes ou não, amigos ou não dos envolvidos todos nós tivemos nossas vidas alteradas, ou no mínimo levemente abaladas, a cada vez que a matéria se repetia, a cada vez que escutamos os nomes relacionados ao caso e principalmente nos últimos dias, onde tivemos o acontecimento do vídeo: o julgamento. Pessoas de toda classe, cor, etnia, escolaridade e idade querem acompanhar de perto, querem julgar, querem ver a justiça, pela menina morta inocentemente, sendo feita.

E nós comunicadores? Devemos acreditar em tudo o que nos foi falado sobre o caso? Devemos rejeitar tudo? Ou devemos ponderar?

Vejo que um dos principais papéis de um comunicador social hoje, seja dentro da empresa ou como um mero cidadão é o de analisar e ponderar tudo o que nos é bombardeado, seja com os casos de (in)justiça, economicos, sociais etc, e verificar qual impacto isso gerará no nosso cotidiano e de qual maneira poderemos usufruir desta modificação, jamais ignorando que a cada minuto há uma nova modificação, gerada pelo bombardeio de informações, pela possobilidade de escolhermos ser emissores ou receptores, pela globalização, pela mundialização, pela midiatização e por fim, pelo consciente coletivo e pela Inteligência Coletiva por eles formados.
Cabe a nós, futuros Relações Públicas não o julgamento, mas a análise dos fatos e análise e verificação de impactos nessa Aldeia Global que vivemos, onde, por mais que eu não saiba onde se localiza o prédio que ela foi atirada, por mais que eu nunca tenha visto os acusados, meu público e eu desenvolvemos uma aversão a eles e uma compaixão pela mãe que teve a filha morta...

12 comentários:

Beatriz Slemer 26 de março de 2010 às 14:00  

Não acho que tenha "viajado" não, Carine.
Penso que o mais importante para não nos perdemos em meio a tudo isso é mantermos a mente aberta, o foco em nossos objetivos e a maleabilidade de reavaliar conceitos, objetivos, visões de mundo, ao menos uma vez na semana.rs.
Brennam Manning, um escritor atual diz a seguinte frase em um de seus Best-Sellers:

"A mente aberta [...] percebe que a realidade, a verdade e Jesus Cristo, são inacreditavelmente sem limitações"

Vejo essa frase não somento no contexto espiritual, mas como um todo: a verdade (seja ela qual você acreditar que seja composta) aliada a realidade que cada um vive em seu "nicho" andam lado a lado e estão em constante mudança, causando por isso, diversas visões e atitudes diferentes. No caso da Nardoni existem ai atitudes e conclusões todas baseadas em fatos como “contam” que foi. Como saber o que realmente aconteceu e em quem realmente acreditar?

Anônimo,  26 de março de 2010 às 23:17  

Acredito que o mais importante para nós que somos futuros comunicadores é estarmos sempre atentos a tudo o que é dito, ter a mente aberta, ponderar todas as informações,analisar as opiniões e tirar de cada uma delas um ponto de vista.
Ellen Baltazar

Patrícia Barreto 29 de março de 2010 às 18:10  
Este comentário foi removido pelo autor.
Patrícia Barreto 29 de março de 2010 às 18:13  

Sabermos de tudo e ter mente aberta, são algumas coisas que devemos ter.
Acredito que não devemos criar uma postura perante um grande acontecimento como o caso Nardoni. Devemos analisar os fatos, saber de todos os lados, afinal todo aconteciemento tem mais de uma versão. Ao final vemos qual o melhor a pensar, mas não necessariamente "vestir a camisa" (e passar a semana inteira em frente ao tribunal)e defender a causa, deixamos isso para advogados, promotores..


aproveitando, vi sim Carine.
Concerteza de mau gosto. Acredito que esta (caso Nardoni) seja a única notícia "interessante" para todos publicarem, então precisam aborda-la de maneiras diferentes (até de má fé).

Beatriz Slemer 29 de março de 2010 às 22:13  

Fato, assim como várias abordagens de outros veículos tem sido desrepeitosa.
Entendo que comove: eu fiquei abalada imaginando o sofrimento da mãe dela, da família, dos amiguinhos e da própria menina, antes de morrer. Isso é assombroso...
Mas acho que nós confundimos com frequencia o poder deter conhecimento com o poder de se intrometer na vida das pessoas.

A imprensa só usou e abusou de nossos sentimentos para criar a falsa ideologia de que todos somos parte deste acontecimento: somos parte do que os políticos fazem, nós os colocamos lá.
Mesmo que o julgamento tenha sido "em parte feito pela população"

Beatriz

Ilda Monteiro 3 de abril de 2010 às 18:54  

O caso Izabella Nardoni é realmente um caso infeliz, com vários ângulos que abala a todos, cada um de uma maneira diferente, o que nos deixa sempre um sentimento de revolta.

O fato é que as evidências são muitas contra o pai Alexandre e a madrasta Ana Paula, mas como relata Beatriz não sabemos o que realmente aconteceu com Izabella e nunca saberemos.

Mas o que podemos perceber é que o caso foi transformado em um verdadeiro espetáculo pelos profissionais de comunicação, os jornalistas deixaram a ética de lado e fizeram da tragédia uma verdadeira novela onde todo o país pode consumir.


Irailda.

Elis Ribeiro,  4 de abril de 2010 às 11:25  

Texto muito bom Bea.

Dá uma discução e tanto.

Acho que tudo deve ser filtrado.
A imprensa fez de tudo um grande circo, com público do mundo inteiro.
A Imprensa condenou o casal antes mesmo do julgamento.
As pessoas se sensibilizam a tal ponto que acabam acreditando em tudo o que é falado.
Ponderar, filtrar, e ser um pouco mais de razão, não só emoção.

Mariana,  4 de abril de 2010 às 21:39  

O papel da comunicação é mesmo muito importante, por vezes nosso sentimento com relação ao fato deixa de ser de solidariedade a determinado fato e passa a ser de repúdio por não aguentar mais ouvir falar sobre aquele assunto.Essa medida é difícil de ser encontrada. O profissional de comunicação deve saber averiguar e divulgar o que é realmente verídico, mas infelizmente essa situação é utópica, os meios querem lucro, e o que gera lucro é o espetáculo.

Luh Paulu's 5 de abril de 2010 às 19:08  

Concordo com a Carine, uma vez que o papel da comunicação, no caso dos jornais e meios de informação, é informar, não deveria precisar de níveis de instrução para entendermos o que é notícia e o que é sensacionalismo. Infelizmente perdeu-se a cultura de informar, a notícia virou produto e somente nós, pessoas privilegiadas por termos instrução, podemos diferenciar o que há nessa mistura....

Izabella Nanni,  10 de abril de 2010 às 23:51  

A mídia faz aquele circo, sim, mas quem não gosta de um bom circo? O assunto rende e dá lucros, e esse não é o objetivo da imprensa? Não que eu concorde, mas enfim.

Agora sobre o post da Beatriz, concordo com ela. Todos julgam, não adianta, difícil é ser imparcial sobre algum assunto. O recomendável é tentar não envolver sentimentos e concluir de acordo com o que julga correto.

Beatriz Slemer 16 de abril de 2010 às 18:03  

Realmente Izabella, ficar imparcial é muito difícil pois somos seres humanos e ser humano é isso, é se envolver é estar junto. A coisa mais fácil de se formar, independente da classe social, cor ou sexo é uma multidão, uma agitação: o povo gosta é de circo e nós também somos povo!

Mas eu procurei refletir sobre como podemos nos policiar, ter o domínio de nossos sentimentos a ponto de usar mais a razão, como a Elis citou, em casos como esse e sermos profissionais. Nesse caso, só a ética nos permitiria essa proeza.

Márcio 27 de abril de 2010 às 03:38  

E otítulo de seu post, qual é?

Kant nos ensinou que, ao contrário do que pregava a Filosofia Ocidental desde os gregos antigos, não há verdade e sim verdades.
A mídia, contudo, hoje colabora com a construção de uma inteligência coletiva global absolutamente pautada na noção da "verdade" como algo inquestionável e indiscutível.
É como se na aldeia global tudo devesse ter um lado só, uma única razão.
Isto afeta desde nossa visão de casos como o de Isabella, até os modelos de relacionamento que nos são impostos. Ex: para Hollywood, você deve se casar, ser monogâmico, heterossexual e procriar, mesmo que você não tenha vocação para uma destas coisas ou para nenhuma delas.

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